LOGAN



Logan – Novo filme baseado em quadrinhos com classificação para maiores de 18 anos. Logan é uma excelente proposta que teve o apoio da Fox depois do sucesso de Deadpool. 
Como ambos os filmes vem mudar a proposta dos quadrinhos, colocando histórias mais adultas e não se preocupando com o público mais infanto, vale a pena destacar as diferenças; Logan é um filme mais maduro, sem piadas escrachadas e que é classificado como para maiores de 18 anos devido ao realismo nas cenas de luta e a história mais adulta. É um filme que vem criando expectativas nos fãs e, no meu caso, as supriu bem. Excelente atuação de Hugh Jackman e Patrick Stewart, mas o que realmente me surpreendeu foi a pequena X-23, interpretada por Dafne Keen.

É um filme que deixa muitas possibilidades (assim como todo filme de quadrinhos) sobre o desenvolvimento de novos filmes, mas acredito que, assim como eu, os fãs dos filmes de X-Men vão esperar muito pelo retorno dessa personagem a franquia.

Sobre a despedida de Hugh Jackman do papel de Wolverine e de Patrick Stewart como professor Charles Xavier, prefiro deixar que os fãs interpretem o que acontece no filme. Um excelente começo para o ano de 2017 em relação a filmes de quadrinhos, sendo que Logan começa o ano estabelecendo o alto nível de qualidade.

A ELEGÂNCIA DO OURIÇO - MJURIEL BARBERY



A elegância do ouriço – Mais um sopro de alegria na literatura contemporânea, Muriel Barbery vem criar esse livro delicado e tão bem estruturado que a complexidade não incomoda, na verdade se transforma em cotidiano diante de nossos olhos. A elegância do ouriço é mais uma boa surpresa que tive no passado, ao me interessar pelo título e ao começar a ler logo os primeiros capítulos. A fórmula logo se revela; Duas personagens opostas, sim, sendo uma ranzinza zeladora e uma adolescente rica que busca algum sentido na existência.
Porém ambas mostram olhares refinados sobre a sociedade e a vida em si, e regrados a belas citações dos grandes escritores.
Ainda sobre a leitura, as várias citações e poemas e hai-cais que se misturam com o narrativa em prosa aumentam ainda mais o tom de leveza e a profundidade da escrita. Esse é um daqueles livros que sempre vou comprar para dar de presente a alguém. E após a leitura do mesmo, parar na sessão de lançamentos, verificando algum lançamento de Muriel Barbery, agora é algo obrigatório para mim sempre que estiver em uma livraria.

CASABLANCA


Casablanca – Um filme americano dirigido em 1942 por Michael Curtiz. Uma descrição precisa, porém simples demais para uma obra-prima. Casablanca é, até hoje, considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. Vários prêmios, incluindo oscar de melhor filme, e muitos elogios a atuação e química entre Humphrey Bogart e Ingrid Bergman.

A história se baseia em um amor perdido e num dilema pessoal de Rick, personagem de Bogart. Mais uma vez, prefiro deixar para o espectador as surpresas e excelentes impressões do filme. É um filme em preto e branco, mas acredito que isso não é empecilho algum para a boa arte.

A resenha fica curta, quando se deve guardar toda a beleza para quem decidir assistir o filme, mas é preciso dizer que Casablanca influenciou uma lista inúmera de filmes e ainda recebeu várias homenagens, sendo que até hoje muitas de suas falas são utilizadas em outros filmes. “De todos os bares de todas as cidades do mundo todo, ela entra no meu.”

DEMÔNIO DO MEIO-DIA - ANDREW SOLOMON



O Demônio do meio-dia – As vezes nos deparamos com um livro que tem uma pegada tão prática e objetiva que muda a forma como encaramos certas situações. O demônio do meio-dia de Andrew Solomon é este tipo de livro. Uma anatomia da depressão. Apenas aquele que passou, ou passa, por essa doença que sabe como ela pode ser dura. É uma batalha consigo mesmo, e isso inclui aceitar ajuda dos outros, mudar a própria rotina, fazer concessões e privações.

O livro de Andrew Solomon é capaz de deixar essa experiência menos solitária. O próprio autor sofreu por muito tempo com sua depressão e resolveu escrever essa anatomia baseando não apenas nos seus conhecimentos técnicos – Solomon é um psiquiatra respeitado no mundo todo, mas também em suas próprias experiências. Com referências próprias e de autores como Tolstoi, Virginia Woolf, Schopenhauer e outros, Solomon nos mostra a face da depressão e define pro diversos ângulos. Desde a própria nomenclatura e enganos do senso comum até a eficiência e problemática dependência dos remédios. Um livro que é um grande favor para a humanidade é isso que Solomon conseguiu com O demônio do meio-dia.

Em termos de experiência própria, tive de enfrentar esse grave problema sem o conhecimento desse livro, porém, até mesmo para aqueles que já enfrentaram e aprenderam a conviver com a depressão esse livro é uma grande descoberta e companhia. Para aqueles que tem curiosidade sobre o tema esse é o verdadeiro tratado sobre a depressão, e não deixa dúvidas sobre a capacidade da escrita de Solomon.

LA LA LAND


La La Land – Obra magnífica. Seria essa a resenha sem muito explicar. Já explicando; La La Land é preciso ser elogiado como se deve elogiar um musical. O óbvio seria falar da trilha sonora sublime, da homenagem ao jazz(que precisava de um filme desse calibre em sua homenagem), das belas coreografias, do figurino brilhante. É, La La Land é tudo que um musical pode ser, porém vai além. La La Land é uma brisa de novo no cinema. Um filme que consegue ser ao mesmo tempo fantástico e real.
Uma mistura de sonho e realidade que se apresenta diante dos nossos olhos com boa música e excelente fotografia. 
As atuações, já premiadas, de Ryan Gosling e Emma Stone apenas abrilhantam mais ainda o que já era belo. Depois de Whiplash, Damien Chazelle não tinha mais o que provar sobre conseguir unir trama e música em um filme. Mas La La Land é, então, sua obra-prima e nos apresenta um diretor que consegue fazer musicais de sucesso no cinema da atualidade.
Sobre a experiência no cinema apenas digo que o filme passa sem se perceber e quando se olha o relógio já foi metade e de repente chegou ao fim e as músicas ficam na nossa cabeça e as belas mensagens, atuações, olhares, cores, lugares, pessoas do filme continuam com a gente. O Globo de Ouro já mostrou que La La Land será super premiado nesse ano que segue. Que bom, pois assim ainda mais pessoas poderão partilhar da alegria que é assistir a esse filme.

O AMOR É UM CÃO DOS DIABOS - BUKOWSKI


O amor é um cão dos diabos Este é um daqueles livros em que é difícil fazer uma resenha. É um compêndio de poesias de Bukowski. Como toda sua escrita o livro sangra a cultura das ruas, dos bêbados, dos sonhadores. Bukowski, herdeiro do verso livre de Whitman, é um gênio do texto auto-biográfico, sujo, real e bem escrito.

Para quem não conhece o escritor, bastante popular atualmente, é possível perceber nos versos e na prosa de Bukowski a noite solitária entre as doses de uísque e cerveja, o cheiro dos cigarros e das prostitutas e da desesperadora condição humana. Mas além disso, percebe-se um homem contra a mesmice e com a capacidade de se adaptar a tudo para poder continuar.

No livro O amor é um cão dos diabos, vários de seus melhores poemas aparecem. O livro mostra poemas desde quando Bukowski era mais jovem e trabalhava para sobreviver até poemas de quando já conseguia viver de sua escrita, ao fim de sua vida.

Bukowski é um de meus poetas favoritos, pelo realismo, pela versatilidade da obra, pela capacidade de sangrar muitos anos no papel e ainda amar a escrita.

A PESTE - ALBERT CAMUS



Albert Camus é o ápice da literatura existencialista. Gênio da descrição precisa. Camus foi reconhecido muitas vezes por seus textos, inclusive com o Nobel de literatura aos 42 anos de idade.

Em várias listas colocam A Peste como sua obra mais importante. Haverão outras resenhas de livros dele aqui e não quero impôr nada sobre qual dos seus livros é melhor. Apenas digo que a morte precoce deste gênio o impediu de desenvolver (ainda mais) a literatura e a filosofia do mundo todo. Sobre A Peste, o livro de poucas páginas perante a influência que exerceu no mundo(como toda obra de Camus), narra a história de Dr. Rieux, um médico experiente que vê sua cidade, Orã, ser tomada pela peste. As relações criadas entre os trabalhadores, entre os sobreviventes e entre os doentes revelam a triste realidade de uma cidade desolada por um mal imbatível.

As amizades, inimizades, os valores, as descrições, o ser humano revelado em si perante a crise, tudo é abordado de uma maneira que qualquer leitor possa compreender e sentir. O livro já é uma obra-prima por si só e, além disso, a cidade Orã é uma metáfora criada por Camus sobre Paris quando conquistada pelos nazistas. Os romances e os ensaios de Camus sempre estão aqui em minha cabeceira, é o tipo de literatura que pode ser simples, proveitosa e ao mesmo tempo profunda e marcante.

A descrição sobre a criança(não especificarei qual) doente e a noite passada com ela é algo que está tatuado em minha mente. Para quem quiser começar o ano lendo um dos maiores escritores de todos os tempos, recomendo muito A Peste. Pode ser a porta de entrada para outros incríveis livros do autor, como: O Estrangeiro, O Mito de Sísifo e A Queda. * Sinceramente não penso em livro melhor para começar as resenhas deste ano.

NINFOMANÍACA



Dentre os diretores geniais não hollywoodianos poucos nomes provocam mais polêmica que Lars Von Trier. O diretor de filmes brilhantes como Dançando no Escuro e Melancolia coleciona criticas positivas e negativas pelo mundo. De qualquer forma um filme novo dele sempre significa um novo olhar, um olhar mais cru e forte do que qualquer outro diretor adota. Dito isso posso falar sobre Ninfomaníaca.

O filme dividido em duas partes, sendo que somadas tem mais de 5 horas de duração, é, até então, a obra-prima de Lars. Devido a seu método incisivo ele entra no tema de uma mulher viciada em sexo de uma maneira íntima e não tem pudor ao mostrar a história. Para não revelar detalhes demais do enredo, apenas direi que é um filme que coloca a própria personagem, Joe, para contar suas histórias de devassidão em busca de sentir algo de verdade, até que praticamente não sinta mais nada. Ela narra sua vida desde a infância até o momento em que é encontrada machucada num beco para um homem casto e erudito. O modo como nos é apresentado a vida de Joe é bastante instável, variando desde cenas de sexo explícito a realidade doentia do ninfomanismo e até mesmo análises sobre a obra de Bach.

Esse é o tipo de filme que indico para quase todas as idades, já que realmente é necessário um certo discernimento que apenas a idade entrega para perceber todas as quedas dos personagens. Também pode-se perceber que Lars aproveitou-se de um método dostoievskiano; usar uma personagem extrema para gerar situações onde possa manifestar várias características para que o espectador se identifique e até mesmo entender o personagem. Outro adendo curioso, é perceber o respeito que Lars Von Trier inspira, já que vários dos atores do filme são hollywoodianos e não se privaram se participar até mesmo de cenas de nu frontal e sexo explícito.

É uma ótima escolha para qualquer um que quer ver um filme que o faça pensar, que o faça entender um pouco mais dessa condição e até mesmo de si, tomando cuidado claro, com a idade, já que o filme aqui no brasil é para maiores de 18 anos. *E se puder escolher, prefira as versões sem cortes.

1Q84 - HARUKI MURAKAMI



1Q84: Melhor trilogia dos últimos anos, e dizer apenas isso não basta, já que nos últimos anos apenas outra trilogia deve realmente ser levada em conta: Millenium de Stieg Larsson. Bem, 1Q84 é o trabalho mais ambicioso do escritor japonês Haruki Murakami.

Ao perceber que um livro tem um autor japonês as pessoas já esperam histórias ligadas a samurais, robótica, coisas distantes do cotidiano, porém Haruki Murakami fala de assassinatos, blues, bares, luas e livros nessa genial trilogia. O autor em si aparece todo ano como escolha certa do Nobel e já foi traduzido para mais de 40 idiomas, a obra desde que foi concluída, em 2010, vem encantando os leitores pelo mundo.

Para descrever três livros extremamente criativos, que deram o prêmio Kafka de literatura a Murakami, devo descrever algumas características atípicas da trilogia: 1Q84 conta a história de Aomame e Tengo, sendo que cada história é contada de forma separada, sendo um capítulo da Aomame e o outro do Tengo, assim o leitor vai tendo uma visão de cima do quebra-cabeça que os personagens estão se jogando devido ao estilo de vida que escolheram; Aomame uma assassina disfarçada e Tengo, um professor de matemática que aspira ser escritor. Descrever mais é privar o leitor das descobertas e sempre me vigio para não cometer tal ato.

O fato é que eu também era muito fã da trilogia Millenium, ainda sou, mas o título de melhor trilogia contemporânea é sim de 1Q84 e ele ainda serve de entrada para o mundo original – influenciado por Kafka e Garcia Marquez, do gênio Haruki Murakami. E ainda digo que, como eu, quem ler a trilogia, também ficará torcendo para Murakami ser logo laureado com o Nobel para que o belo mundo criado por ele encontre ainda mais leitores.

DIVERTIDAMENTE



Há tempos a Pixar vem nos presenteando com seus filmes, a lista é extensa; Toy Story, Up, Wall-e, Procurando Nemo, e tantos outros. Porém o filme que impressionou e emocionou o mundo em 2015 é o primeiro dela que quero destacar. Divertidamente é uma obra-prima, é um filme daqueles em que o espectador se entrega involuntariamente a trama devido a beleza dos personagens, aos detalhes carinhosamente cuidados.

O filme conta a história de Riley, uma garota de 11 anos que sofre uma mudança abrupta em sua vida; devido ao trabalho de seu pai a família é obrigada a mudar de estado, sendo que saem de Minnesota, estado frio e ao norte dos Estados Unidos, para Sao Francisco, no quente e movimentado estado da Califórnia. Essa mudança provoca várias reações na pequena Riley e é aí que o filme se destaca, a história é contada dentro da cabeça de Riley, dando destaque as suas emoções. Pela trama o filme já vale em si, porém destaco Divertidamente devido a sua criatividade. Ao demonstrar as emoções dentro da cabeça da criança eles conseguem explicar de uma maneira divertida situações sérias como a depressão, crises de identidade, raiva, ansiedade.

Geralmente não resumo a trama de um filme da maneira que atrapalhe a descoberta do espectador, e pretendo manter esse estilo nesta resenha, porém quero lembrar alguns detalhes para quem já viu e trazer a atenção nesses momentos para quem ainda vai assistir; a mente de Riley, como criança, ainda é liderada pela alegria, a de seu pai, adulto, é liderada pela raiva, o que demonstra que ele pode ter sofrido ou ainda sofrer de problemas com a raiva.

Outro exemplo desses é a mãe de Riley, que na trama se demonstra tranquila, porém tem sua mente liderada pela tristeza, o que leva e entender que ela tem ou superou a depressão. Vários desses detalhes são deixados para o espectador perceber o carinho e a atenção que a Pixar demonstrou nessa obra.

O DUELO - TCHÉKHOV



Anton Tchekhov é um nome que impõe respeito na literatura. Muitos críticos o consideram o maior contista de todos. É um título e tanto num mundo onde também existiram Cortázar e Borges, mas ele é justo.

Tchekhov, que era médico antes de escritor, trouxe para a literatura descrições objetivas, específicas, sentidas. Nesse caso de resenha a descrição do autor se une a da obra, pois O Duelo, assim como em outras obras do autor, demonstra o russo do interior, o russo longe das grandes cidades. Os personagens revelam um tom de simplicidade e uma existência bucólica que foge dos personagens abordados por outros grandes autores russos. É nessa sociedade real e simples que os personagens de O Duelo interagem entre si.

Esses personagens travam vários duelos; o duelo de um casal que já não se ama, o duelo de ideias entre homens opostos, o duelo entre liberdade moral e o conservadorismo de uma cidade provinciana. É um livro belíssimo, onde Tchekhov trata de um tema muito discutido em sua época; o homem supérfluo. O texto é curto se comparado a outros clássicos da literatura russa, porém de uma importância igual, já que serviu de influência para Joyce, Camus, Sartre e qualquer escritor posterior a Tchekhov que prezava pela descrição simples e eficiente.

O Duelo é um livro que, para permitir ao leitor a surpresa e o prazer da obra, a resenha não deve revelar detalhes dos personagens. Deixo para os leitores que se dispuserem a ler essa obra-prima descobrir os traços dos personagens pelas palavras do grande mestre que foi Tchekhov. Gosto de me impor a decidir qual o melhor livro que li em cada ano, e digo, com certeza, que em 2016 foi O Duelo de Anton Tchekhov a minha mais bela descoberta.